Adolescentes abrem mão da privacidade e dividem senhas na web
Que a internet mudou as relações sociais é algo que não se discute. A privacidade se tornou negociável e compartilhar virou regra. Mesmo senhas pessoais.
Não são poucos os casais para os quais e-mails, MSN, Orkut, Facebook e Twitter é um território de acesso livre para ambos.
Ângela (todos os nomes são fictícios), 17, e João, 19, de São Paulo, compartilham senhas desde o começo do namoro, em agosto de 2010.
Assim como Cristine, 17, e Ronaldo, 20, de Mogi das Cruzes (SP), juntos desde novembro de 2009. Os dois se conheceram através de uma comunidade do Orkut.
O compartilhamento de senhas pessoais é um sintoma dos novos parâmetros que a internet trouxe para namoros e amizades.
Para Ângela, ceder o acesso a algo privado é uma prova de fidelidade. "Se eu não devo nada, não tenho o que temer", diz.
Ronaldo alega que o acesso de Cristine ao seu e-mail ajuda no trabalho. "Uso pouco o e-mail, então ela me avisa de coisas urgentes e limpa a minha caixa".
Mas, como tudo na vida, liberdade também tem um preço. Dos cinco casais ouvidos pelo "Folhateen", todos relataram brigas motivadas por "e-mails indevidos".
Um colega que chama por algum apelido carinhoso, uma ex-namorada saudosa que tenta se reaproximar ou um amigo convidando para um programa justo no dia que o casal havia marcado de se ver: tudo pode se tornar motivo para desentendimentos.
No caso de Rafael Costa, 22, estudante de jornalismo de Brasília, liberdade demais causou um trauma.
Durante um ano e meio de namoro (entre 2009 e 2011) com Susana, 17, que morava em Minas Gerais, ele compartilhou senhas de e-mails e de perfis em redes sociais.
"De tanto ler e-mails e conversas de MSN um do outro, nos ocupamos mais em vigiar do que em namorar", conta ele, que, a pedido da então namorada, teve de escolher entre ela e os amigos. "Optei pelos amigos, que me cobravam menos."
Fonte: www1.folha.uol.com.br
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